Cartão Postal homenageando
Isaias Caminha
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Clube De Poetas Negros
-Capa da 1ª edição-
- Os Poetas Da Bruzundangas!
-Capa da 1ª edição-
É nossa forma de homenagear Lima Barreto, torná-lo patrono de alguma coisa, ainda que virtual. E resgatar essa expressão tão peculiar à rejeição que os poetas causam em toda sociedade. Bruzundangas: é justamente lá em Bruzundangas que os poetas tem de vicejar. É justamente em terras carcomidas pelo caos burguês que a semente revolucionária da libertação tem que ser semeada. Lima Barreto fez isso, só isso, em sua tão curta vida, apenas 41 anos. Portanto, ao contrário de Manuel Bandeira, que refugiou-se à alienação em Pasárgada, Lima nos convida ao combate sem tréguas a todo tipo de exploração e baixaria próprios das Bruzundangas, sem temer nenhum tipo de excludência, sequer "platônica...." E para reunir poetas "bruzundanguenses", criamos até um blog
https://poetasdabruzundangaetc.blogspot.com.br/
- Capa da 1ª edição -
Foi com Lima Barreto que a rebeldia negra chegou ao texto literário com o devido reconhecimento. Ninguém duvida disso, pois até aí, até ao Lima Barreto, todo escritor negro era tratado como um pobrezinho marginalizado e só, mais nada, uma vez que as dificuldades para ele ser um sucesso eram tão grandes que a repressão suspirava em céu de brigadeiro, segura de que aquele seria só mais pobre coitado...
Mas com o Lima foi diferente. Lima Barreto não se conteve ante essa barreira e provou isso ao tempero do próprio suor, quando procurou editor para seu segundo romance, o Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, que retrata os bastidores da imprensa daquela época, e só ganhou portadas na cara.
Nessa época, Lima Barreto já era considerado um escritor promissor, devido ao sucesso do Triste Fim de Policarpo Quaresma. Mas graças ao conteúdo, de crítica social, o empresariado livreiro ficou receoso de bancar o livro "daquele preto metido a intelectual", desordeiro com discursos radicais nos lançamentos e saraus da cidade maravilhosa do início do século xx. E foi aí que Lima Barreto acabou por ser publicado por iniciativa de Monteiro Lobato, o primeiro empresário-editor a promover a literatura de esquerda no Brasil.
Desde então, a literatura negra ganhou status no texto literário e a sua marca leva o nome de Lima Barreto, ao contrário de Machado de Assis, que além de nunca ter promovido a negritude, ainda serviu de capitão do mato contra todos os rebeldes das letras no seu período áureo, quando capitaneou a fundação do seu mausoléu
"Academia Brasileira de Letras".
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